Cativeiro - II
Não sei ao certo se dormi ou fiquei acordada, estava tentando lembrar a última coisa que fiz antes de vir parar aqui, mas não consegui.
Perdi a noção do tempo, não tinha idéia se estava amanhecendo ou anoitecendo.
Enquanto minha mente entrava em conflito minha atenção mudou de foco quando comecei a ouvir um barulho monstruoso vindo da porta lacrada.
Parecia um leão rugindo, acompanhado de uma trepidação no chão e nas paredes.
Fiquei assustada corri para o canto oposto da porta e apontei a lanterna para ela.
A porta continuava devidamente trancada sem sinal de abertura, mas o chão e as paredes tremiam.
Depois disso ouvi gritos de horror vindo da mesma direção, era o grito de um homem.
Segundos após o grito o som de um tiro de arma de fogo, seguido de silêncio total.
Teria alguém matado o monstro? A besta? O que está acontecendo?
Não posso gritar, chorar ou a criatura vai me ouvir!
Só podia trabalhar com meus pensamentos, gritar por socorro seria inútil, tentar escapar era impossível, quanto mais energia eu perdesse mais teria que repor e de fato eu não sabia quanto tempo durariam meu estoque de comida e água.
Voltei-me para a porta onde dizia-se que habitava a besta e coloquei o ouvido outra vez para tentar descobrir algo.
Um som semelhante a um animal devorando uma presa vinha daquela direção.
A criatura era real...
Sem expectativas, voltei ao meu canto de descanso e resolvi apenas viver, manter a sanidade e pensar que alguém em algum momento viria me salvar...
Quando se perde a noção do tempo, você perde a consciência aos poucos, já não se sabe o que é real ou não...
Tenho a impressão que ja faz pelo menos dois dias que estou presa neste calabouço
Visto que fui fazer minhas necessidades duas vezes, e meu relógio biológico é pontual nesse aspecto.
Então posso acreditar que estou no segundo amanhecer, e concluí que a criatura tem hábitos noturnos.
Pois ouvi seus ruidos duas vezes provavelmente pontualmente.
Outra vez para minha surpresa, barulhos de passos seguidas de engrenagens vieram da portinhola.
Apontei a lanterna que ja estava fraca em sua direção e avistei um malote descendo por ela.
Fui ao seu encontro, um malote verde com zíper e no seu iterior um bilhete e algo pesado embrulhado.
O bilhete dizia:
- Mate a besta ou seja morta por ela, uma das três pessoas aqui presas ja tentou mata-la mas não conseguiu, talvez tenha mais sorte.
Desembrulhei a arma aos poucos com minha mão trêmula.
Era um revólver, com uma bala no canhão e um outro bilhete pequeno colado a ela:
- É só apertar o gatilho.
Como se quem enviou o pacote soubesse que eu não conhecia armas.
Me preparei para o pior, descobri uma forma de contar o tempo para saber quando chega a noite, que é a hora da besta acordar.
Sempre fui atlética e acostumei a seguir meus batimentos cardíacos, como ali era suficientemente silencioso, conseguia ouvir facilmente meus batimentos.
Tenho em média 80 batimentos por minuto, assim contei minhas horas em uma esimativa.
Quando chegou o meu palpite que seria noite, me prearei posicionada na parede ao lado da porta lacrada com a arma na mão e a lanterna iluminando a porta.
Para minha surpresa ouvi uma porta abrindo mas não era a minha.
Escutei tiros, gritos de desespero e socorro de uma mulher seguidos de tremores e ruidos da criatura.
O pranto desta mulher me fez sentir um frio na espinha que fiquei paralisada.
Perdi meus sentidos, minha mente não aguenta mais, vou enlouquecer.
Continua...

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