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Me lembro como se fosse hoje, aquela bela tarde de sol de fevereiro.
Fui convidado para almoçar na casa do meu irmão, família e amigos reunidos, muitas pessoas converssando e rindo por todos os cantos da casa
Era uma casa de madeira grande com varanda e garagem padrão daquela época, ruas ao redor de chão batido e cascalho, quando olhávamos para o horizonte era possivel ver a vegetação, nada de prédios e carros.
Em alguns momentos percebi que meu sobrinho de seis anos entrava dentro de casa e falava para seu pai (meu irmão).
- Pai eles estão chegando com o vento!
Meu irmão destraido converssando com outras pessoas não dava muita atenção e dizia:
- É mesmo? Vai la fora brincar com seus primos ta bom?
Ninguém deu ouvidos a meu sobrinho, afinal crianças fantasiam de mais e todos sabem disso.
Alguns minutos depois percebi que ele parou de vir avisar seu Pai, e resolvi ver o que ele estava fazendo.
Abri a porta da casa que dava acesso a varanda, imediatamente pude ver meu sobrinho e os priminhos da mesma idade parados um ao lado do outro olhando para o céu.
Procurei no céu o que eles estavam olhando e perdi minhas forças quando encontrei, deixei cair meu copo de cerveja no chão.
Cinco seres alados estavam parados no céu batendo suas asas e olhando em nossa direção.
Fiquei como as crianças, imóvel por um misto de medo e admiração, não tentei correr e gritar, pois claramente sabia que não iria adiantar, apenas fiquei esperando o resultado de tudo aquilo.
Um dos seres desceu em nossa direção, quando chegou mais perto consegui ver que ele tinha um rosto similar ao nosso exceto por sua pele que parecia espelhada refletindo toda a luz do sol.
Ele parou em frente ao meu sobrinho e em seguida falou algo que só ele entendeu pois começaram a escorrer lágrimas de seus olhos e fazia sinal de confirmação com a cabeça.
O ser alado levantou sua mão direita e fez um sinal para as nuvens, elas começaram a unir-se até ficarem carregadas, notei que os seres perderam seu brilho e ficaram cinza como as nuvens, camuflados.
Começou a ventar forte, entramos correndo para dentro da casa, não houve necessidade de fechar as portas da casa pois com a força do vento elas bateram até fechar.
Todos ficaram extremamente assustados com a situação pois anteriormente tinhamos um dia bonito sem nuvens.
Meu sobrinho chorava e abraçava meu irmão, que por sua vez tentava acalmar-lo, havia ventos e trovões mas sem chuva
A criatura entrou dentro da casa, refletindo toda escuridão que ali havia,
Ninguém conseguia ver-la apenas os meninos e eu, todos pensaram que estávamos com medo dos raios e trovões mas não.
A criatura andava na direção do meu irmão, neste momento eu ja sabia o que estava por vir, afinal as histórias que ouvíamos quando éramos crianças tinham seu fundo de verdade.
Corri em direção a ele para dar um último adeus, meu irmão me olhou nos olhos veio me dar um abraço em lágrimas dizendo ao meu ouvido:
- Meu filho falou que hoje era seu último dia na terra, agora esta criatura alada veio me pedir desculpas por levar meu único irmão.
Não esperava que fosse minha hora de partir...
Me despedi do meu irmão do meu sobrinho e embarquei nas asas da criatura.


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